quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Estranho amore.....

Minha mãe é responsável pelo que eu entendo de amor e ódio, uma mistura de adminiração e medo. Dentre tudo o que ela já me ensinou nessa vida, ela consegue me ser tão sedutora quanto odiável, tudo isso ao mesmo tempo agora.
Hoje, eu estava muito triste, realmente muito triste. Como a muito tempo não me sentia, hoje me vi totalmente sozinha. A vida tem sido dura comigo , e as circunstâncias estão me afastando de realizar os meus sonhos, e o que será de mim sem eles?
Mas eu quero mesmo é falar da Dona Linda, quase 53 anos (com carinha de 35), minha mamãe. Ela chegou do trabalho hoje, e ao vê-la, como um bebê a espera da mãe, pude sentir seu colo, mesmo que estando a uma distância considerável de mim. Ela quis saber o que eu tinha, eu disse que estava com problemas, deprimida triste... chorei feito uma criança. Imagino que para as mães, ver uma criançona de 30 anos às lágrimas deve ser algo desconcertante, pois minha mão pareceu não saber o que fazer. Mesmo assim, ela tentou.
Minha mãe se pôs a fazer pregações evangélicas (coisa que eu passei a odiar desde que deixei a religião), me perfumou com óleo santo, mudou de assunto, começou a m falar de sua vida quando tinha minha idade, de sonhos que o tempo e as circunstâncias impediram de se concretizar.... Tudo isso para que eu me sentisse melhor, para que eu não pensasse nos problemas, para qu eu sorrisse.
Minhas descobertas esta noite foram incríveis. Descobri que´precisava do colo de minha mãe e que precisarei sempre, e descobri também que eu não estava só, ela estava lá. Nossa relação é estranha, envolta em amor e ódio, intensa. Minha mãe não teve oportunidade de estudar, ás vezes parece arrogante, mas ela tem uma sabedoria, sabedoria que vem da vida, que não se aprende em nenhuma sala de aula.
E eu, uma eterna criança, que sempre disse para mim mesma que nunca seria como minha mãe, desejo um dia ao menos parecer com ela.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Indignação desconexa

Toda e qualquer manifestação em prol das mulheres é louvável, principalmente no Brasil, um país culturalmente machista. A Secretaria de Politicas para as Mulheres do governo federal foi criada para, por meio de ações políticas públicas, promover igualdade entre homens e mulheres. A ideia parece boa, mas a prática decepciona: o ministério foi criado, mas até o momento nada muito relevante ou considerável foi feito.

Em suma, num país onde o machismo é predominante, logo não é raro conferir que as mulheres também são machistas. Sendo assim, as políticas desta secretaria precisariam ser muito eficazes para uma mudança comportamental. Mesmo o Brasil sendo governado por uma mulher, ainda tem muita gente que não entendeu a importância disso para a história do país e de cada uma de nós. A meu ver, a criação de mais um ministério para atender aos problemas das mulheres me parece desnecessário, se a real intenção foi apenas a criação de mais um cargo muito bem remunerado no governo. A discriminação ao sexo feminino, mais do que cultural, é um problema de educação.

Pois bem, esta Secretaria, pediu a CONAR ( Conselho Nacional de Auto Regulamentação Publicitária) a suspensão do reclame “Hope ensina”, em que a modelo Gisele Bündchen ensina a forma “correta” de dar notícias ao marido. Para a Secretaria, a propaganda discrimina a mulher ao coloca-la na posição de “mulher objeto” para o marido, e com isso ignora os grandes avanços alcançados pelas mulheres ao logo da história.

Me pergunto quais avanços foram ignorados? Temos uma jornada dupla, muitas vezes até mais, sofremos agressões, ganhamos menos que os homens, sofremos preconceito pelo simples fato de sermos mulheres. A sociedade discrimina as mulheres pelas suas próprias características naturais, como gerar vida, a submissão, a beleza e sensualidade. Qual é a mulher que não gosta de se sentir especial, sensual, desejada, chamar a atenção de seu cônjuge? São minucias de mulherzinha, faz parte desse universo complexo, chacoalhado pelos hormônios, a TPM e o tempo.

O que precisamos homens e mulheres é respeito. Respeitar um ao outro independente do sexo. A secretaria precisa cuidar de questões mais complexas, como por exemplo, rever as jornadas de trabalho para mulheres que são mães, fazer valer para todas as classes sociais a Lei Maria da Penha, por exemplo.

Afinal não existe nada mais feminino e fascinante que deixar um homem aos nossos pés. Se temos armas por que não usá-las? Persuasão é uma palavra feminina. Só quem é mulher sabe a dor e a delícia de ser o que é.