sexta-feira, 9 de julho de 2010

2010: O ano da intolerância

É quase impossível passar batido pelos últimos acontecimentos que permeiam os noticiários. Fatos que gritam mais alto que a final da Copa do Mundo, mais que as cidades do nordeste destruídas pelas fortes chuvas, sem contar que quase não se fala do inicio da corrida à presidência nacional. A advogada Mércia Nakashima e a modelo Eliza Samudio foram assassinadas, vítimas da intolerância daqueles que um dia foram, independentemente da circunstância, seus cônjuges.
O maior agravante nisso tudo, é justamente a crueldade do crime que foi cometido à essas duas mulheres. Foi mais do que matar, é que a pessoa sofra, pague pela intolerância do outro. O direito a vida simplesmente é negado em prol de caprichos sem o menor fundamento. Aí, vamos ver quem são os assassinos. Tudo bem, o goleiro Bruno foi abandonado por mãe e pai, não teve amor na infância, passou fome. Será que isso justifica mesmo? Nós não somos animais irracionais. Somos civilizados, conseguimos resolver diferenças com boas conversas. No caso de Mércia, seu ex-namorado é um advogado, pessoa estudada e que agora é apontado como suspeito. Por que matá-la?
Mas sabe o que é mais impressionante? É que esses dois sujeitos acreditaram que deixar Mércia viver sua vida com outra pessoa, ou assumir e pagar uma pensão para o filho de Eliza, poderiam ser atitudes que trariam muito mais transtornos do que eles passarem um bom tempo atrás das grades.
Intolerância é uma tendência do ser humano, infelizmente. Estou realizando um documentário sobre perdão para o trabalho de conclusão de curso da faculdade e, uma das maiores dificuldades é justamente encontrar personagens, pessoas que perdoam, que amam, que toleram o ser humano mesmo com todas as suas falhas, seus erros.
Que a justiça seja feita nos dois casos. Que nós espectadores possamos refletir sobre a importância da tolerância ao outro.
PS: Se eu pudesse escolher voltar reencarnada para este mundo, voltaria mulher novamente. Deve ser horrível ter duas cabeças, e não conseguir colocar as duas para pensar...