segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Indignação desconexa

Toda e qualquer manifestação em prol das mulheres é louvável, principalmente no Brasil, um país culturalmente machista. A Secretaria de Politicas para as Mulheres do governo federal foi criada para, por meio de ações políticas públicas, promover igualdade entre homens e mulheres. A ideia parece boa, mas a prática decepciona: o ministério foi criado, mas até o momento nada muito relevante ou considerável foi feito.

Em suma, num país onde o machismo é predominante, logo não é raro conferir que as mulheres também são machistas. Sendo assim, as políticas desta secretaria precisariam ser muito eficazes para uma mudança comportamental. Mesmo o Brasil sendo governado por uma mulher, ainda tem muita gente que não entendeu a importância disso para a história do país e de cada uma de nós. A meu ver, a criação de mais um ministério para atender aos problemas das mulheres me parece desnecessário, se a real intenção foi apenas a criação de mais um cargo muito bem remunerado no governo. A discriminação ao sexo feminino, mais do que cultural, é um problema de educação.

Pois bem, esta Secretaria, pediu a CONAR ( Conselho Nacional de Auto Regulamentação Publicitária) a suspensão do reclame “Hope ensina”, em que a modelo Gisele Bündchen ensina a forma “correta” de dar notícias ao marido. Para a Secretaria, a propaganda discrimina a mulher ao coloca-la na posição de “mulher objeto” para o marido, e com isso ignora os grandes avanços alcançados pelas mulheres ao logo da história.

Me pergunto quais avanços foram ignorados? Temos uma jornada dupla, muitas vezes até mais, sofremos agressões, ganhamos menos que os homens, sofremos preconceito pelo simples fato de sermos mulheres. A sociedade discrimina as mulheres pelas suas próprias características naturais, como gerar vida, a submissão, a beleza e sensualidade. Qual é a mulher que não gosta de se sentir especial, sensual, desejada, chamar a atenção de seu cônjuge? São minucias de mulherzinha, faz parte desse universo complexo, chacoalhado pelos hormônios, a TPM e o tempo.

O que precisamos homens e mulheres é respeito. Respeitar um ao outro independente do sexo. A secretaria precisa cuidar de questões mais complexas, como por exemplo, rever as jornadas de trabalho para mulheres que são mães, fazer valer para todas as classes sociais a Lei Maria da Penha, por exemplo.

Afinal não existe nada mais feminino e fascinante que deixar um homem aos nossos pés. Se temos armas por que não usá-las? Persuasão é uma palavra feminina. Só quem é mulher sabe a dor e a delícia de ser o que é.